Domínios de Ação // Segurança Espacial

Meteorologia ESPACIAL

A Meteorologia Espacial diz respeito ao ambiente dinâmico do Espaço em redor da terra e no sistema solar causado pela atividade do Sol e de fontes não solares, tais como raios cósmicos galácticos.

 A Solar Orbiter (SolO), nave espacial com tecnologia portuguesa, será lançada a 9 de Fevereiro e aventurar-se-á a apenas 42 milhões de km da nossa estrela // Saiba mais //

Essencial para a vida na Terra, o nosso Sol também pode representar riscos para o Planeta, ao emitir plasma magnetizado – o chamado vento solar – e ejetar periodicamente milhares de milhões de toneladas de matéria com campo magnético associado em ejeções de massa coronal. Os ventos solares influenciam o ambiente espacial e podem causar tempestades geomagnéticas, afetando o funcionamento de satélites, infraestruturas no solo e a saúde humana.

As tempestades solares apresentam sérios riscos para os sistemas de satélites, voos espaciais tripulados e diferentes sistemas eletrónicos na Terra. Os eventos meteorológicos espaciais moderados são frequentes durante cada ciclo solar de 11 anos. Mais preocupantes são os eventos extremos, capazes de causar impactos significativos nas infraestruturas. Estes ocorrem, em média, apenas uma vez por ciclo.

O mais recente grande evento meteorológico espacial ocorreu durante o Halloween, no final de outubro de 2003. Mas existiram outros: em 1859, o evento Carrington causou o colapso do sistema telegráfico em toda a Europa e na América do Norte; em 1989, uma erupção solar provocou um apagão na rede elétrica do Canadá, deixando cerca de seis milhões de pessoas sem energia durante nove horas. A 14 de julho de 2000, no que ficou conhecido como o Incidente do Dia da Bastilha, uma explosão solar provocou curto-circuitos em satélites e afetou as comunicações rádio por todo o mundo.

Estima-se que os eventos extremos aconteçam uma vez em cada 100 a 200 anos. Apesar destes serem pouco frequentes, a ESA estima que o custo socioeconómico de eventos meteorológicos espaciais moderados ao longo de 15 anos seria de cerca de €13.000 milhões. E as perdas tenderão a aumentar à medida que mais aplicações comerciais, incluindo a aviação, se tornam cada vez mais dependentes dos serviços de navegação e telecomunicações por satélite.

A Agência Espacial Europeia estima que um único evento extremo que possa ocorrer após 2030, poderá ter um impacto socioeconómico na ordem dos €30.000 milhões.

Tal como hoje seguimos diariamente as previsões meteorológicas, o mesmo acontecerá com a monitorização do tempo espacial, que deverá ser integrado com a mesma naturalidade no dia-a-dia da sociedade e da economia.


Os sistemas de alerta de meteorologia espacial e as atividades que permitam conter os seus efeitos têm múltiplos benefícios

  • Sociais: Podem atenuar as perturbações ou danos em sistemas críticos dos quais a sociedade depende continuamente, tais como satélites de navegação e de telecomunicações, redes de energia elétrica e sistemas de radiocomunicação terrestre. Mesmo a atividade solar normal pode ter efeitos significativos e dispendiosos nos satélites e em infraestruturas sensíveis no terreno.
  • Económicos: O custo socioeconómico de eventos solares no prazo de 15 anos pode atingir os €13.000 milhões. Ainda que não se possa evitar o tempo espacial, é possível proteger infraestruturas terrestres e satélites, bem como os serviços críticos que asseguram.
  • Autonomia e Defesa: A interrupção dos fluxos de informação e de operação de infraestruturas críticas de defesa podem resultar em vulnerabilidades nos mecanismos de defesa e, assim, representar uma ameaça para as operações militares. Um conhecimento e preparação atempados serão garantia de resiliência e prontidão que as atividades de defesa exigem.
  • Geopolítico: A perda de infraestruturas e serviços críticos podem interromper a atividade económica e o quotidiano na Europa e a nível mundial, conduzindo a graves perturbações.
  • Científicos: Ampliar o nosso conhecimento do sistema Sol-Terra e das suas muitas interações que levam a efeitos climáticos espaciais na Terra e nos outros planetas.
Meteorologia Espacial, a visão

Para a meteorologia espacial, o objetivo é que até 2030, a Europa possa proteger de forma mais eficiente as suas infraestruturas mais relevantes na Terra e no Espaço por via de:

  • Serviços de meteorologia espacial concebidos de acordo com as necessidades dos utilizadores europeus, fornecendo informação atempada, precisa e útil;
  • Sistemas de alerta precoce testados e em funcionamento que permitam respostas rápidas baseadas em informação útil;
  • Sistemas de meteorologia espacial funcionais com um plano de manutenção e melhoramento de longo prazo;
  • Uma sociedade resiliente, incluindo infraestruturas.

© ESA

Objetivos Estratégicos

Para Portugal, os objetivos estratégicos são:

  • Estabelecer um serviço de meteorologia espacial (e um sistema de alerta precoce) concebido à medida das necessidades dos utilizadores, fornecendo informação atempada, precisa e útil;
  • Desenvolver um sistema de meteorologia espacial totalmente operacional para todos os cidadãos, capaz de oferecer um serviço de nível 1;
  • Todas as infraestruturas críticas poderão contar com um sistema de meteorologia espacial e um sistema de alerta precoce;
  • O planeamento e execução de todas as operações de defesa e de proteção civil devem incluir e apoiar-se em informação de meteorologia espacial;
  • Uma política de informação adequada.

Antes de 2030, todas as infraestruturas críticas portuguesas devem contar com informação espacial e meteorológica e um sistema de alerta precoce espacial.

Além disso, devem ser considerados os seguintes objetivos:

  •  Desenvolvimento de competências de subsistema e sistema para alargar a presença de Portugal ao longo da cadeia de valor, implementando os objetivos nacionais num quadro europeu de reforço de uma economia de base espacial em todos os países;
  •  Estimular a adoção por parte de todos os utilizadores comerciais e institucionais, tendo em conta as necessidades dos mesmos e incluindo os mesmos na definição estratégica do processo;
  •  Construir sinergias de financiamento entre Portugal-ESA-EU para o Espaço e outros setores.