SSP22 reforça ambição e inovação do setor espacial português

A turma de 2022 do Space Studies Program (SSP) foi recebida no Taguspark para um intercâmbio de nove semanas entre alunos e o ecossistema nacional do Espaço. O curso pretende potenciar sinergias entre os setores espacial e não-espacial, as interações Espaço-Oceano-Clima e a utilização da microgravidade, entre outros.

“Aproveitem, porque estas semanas passam num abrir e fechar de olhos.” Foi com este conselho que Hugo André Costa, diretor-executivo da Agência Espacial Portuguesa e alumni da International Space University (ISU), terminou a sua apresentação na Cerimónia de Abertura do Space Studies Program (SSP) 2022, que decorreu esta segunda-feira no Auditório do Taguspark, em Oeiras. A cidade acolhe, ao longe das próximas nove semanas, o curso promovido pela ISU, que este ano conta com 107 participantes, vindos de 37 países. Dessa lista fazem parte nove portugueses.

Só eles poderão comprovar, no final, se esta premissa se cumpre ou não, mas o diretor da Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space fala com conhecimento de causa: ele ocupou aquelas cadeiras no curso de 2008. Mas a ideia de trazer o SSP a Portugal começaria a ganhar traços uma década mais tarde, em 2018. Três anos depois, cumpriu-se a ambição, com organização da Portugal Space e do Instituto Superior Técnico, e o apoio da Câmara Municipal de Oeiras.

Hugo Costa, também co-chair do Comité de Organizadores Locais (LOC, na sigla inglesa para Local Organizing Committee) resumiu a importância de organizar o SSP em Portugal: “Estamos muito satisfeitos por receber participantes e especialistas de todo o mundo durante os próximos dois meses em Oeiras. Em conjunto vão contribuir para este momento de mudança que estamos a viver no setor espacial português.” Depois de dois anos de pandemia, a chegada do SSP a Portugal traz novo fôlego e inspiração à ciência, à investigação e à indústria do sector espaço.

Tal como referiu a Presidente da ISU, Pascale Ehrenfreund, os participantes do SSP22 estarão “imersos no ecossistema espacial português”, tendo a oportunidade de participar em “projetos de equipa empolgantes que abordam as tendências atuais no setor espacial”nacional e internacional. Terão ainda ocasião de visitar mais de uma dezena de empresas, institutos de investigação e universidades portugueses. O SSP22 conta ainda com meia centena de master classes, 200 seminários interativos e palestras com renomeados especialistas nacionais e internacionais.

E Oeiras é o cenário ideal para que tal aconteça. Primeiro pela multiculturalidade característica do concelho, que tem reflexo na diversidade cultural e de nacionalidades presentes no corpo estudantil do SSP, conforme referido por Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras. Depois, pelo pulsar da inovação naquele território: “Oferecemos um conjunto de condições únicas para apoiar empreendedores, atrair empresas e promover o desenvolvimento de projetos empresariais e de I&D nas áreas científica e espacial”, apontou o autarca.

Em igual sentido, o presidente do Instituto Superior Técnico, Rogério Colaço, sublinhou que o campus do Taguspark o Técnico se insere numa região que se destaca pelo desenvolvimento tecnológico e pela dinâmica empresarial. Tal como a “agenda espacial”, que o Técnico começou a dinamizar “já há 30 anos, com a criação do curso de Engenharia Aeroespacial”, que hoje em dia recebe “os melhores alunos do país”.

Diversa é também a oferta educativa do curso, que se debruça sobre vários assuntos ligados ao espaço sem se cingir à tecnologia e à engenharia, incluindo também as Humanidades, as Artes, a Medicina, o Direito e o Ambiente. Por esse motivo, Ricardo Conde, Presidente da Agência Espacial Portuguesa destacou, no seu discurso, que esta edição do SSP “irá contribuir para uma compreensão profunda sobre como as ciências espaciais podem ajudar a enfrentar os principais desafios societais atuais”, particularmente no que diz respeito às “alterações climáticas e à sustentabilidade da biodiversidade do nosso planeta e, no final, à nossa própria existência”.

“Há esperança no conhecimento e na ciência para resolver o que temos vindo a fazer ao nosso planeta. Mas estamos a fazer o mesmo no Espaço. Vivemos um momento problemático com a questão dos detritos espaciais. Se não cuidamos do Espaço, não podemos cuidar da nossa própria casa”, acrescentou. Porque “o Espaço é mais do que tecnologia, também é inspiração” — e é isso que se procura e espera da turma de 2022 do Space Studies Program.

Autor
Portugal Space
Data
28 de Junho, 2022