Universidade do Minho inaugura novo curso em Engenharia Aeroespacial

A licenciatura de Engenharia Aeroespacial da Universidade do Minho (UMinho) recebe este ano letivo os primeiros alunos e entra diretamente para o top 10 dos cursos nacionais com as médias mais elevadas. No concurso nacional de acesso ao Ensino Superior de 2022, o último colocado entrou no curso com uma nota de 18,62 valores, o que permite à licenciatura ocupar o primeiro lugar no ranking de cursos da instituição minhota.

Para Gustavo Dias, diretor dos ciclos de estudo em Engenharia Aeroespacial da UMinho, o posicionamento desta no ranking nacional reflete “uma paixão” dos alunos “pela área de estudo com um percurso académico de excelência” e a “reconhecida qualidade” da oferta educativa da UMinho, “que traz uma dimensão de credibilidade às novas ofertas”. O curso, como já havia referido Pedro Arezes, presidente da Escola de Engenharia da UMinho (EEUM) à Agência Espacial Portuguesa, “funda-se no percurso desenvolvido, nas últimas décadas, pelos centros de investigação e unidades de interface nos setores aeronáutico e aeroespacial” da academia.

Num momento de alavancagem do setor espacial em Portugal, contextualiza o presidente da EEUM, tornou-se “imperativa a criação de uma nova oferta educativa às atuais necessidades”: “De facto, a Universidade do Minho poderá dispor de uma janela de oportunidade por inexistência de oferta semelhante na região norte do país, permitindo um posicionamento único e uma definição de posição estratégica.”

Para o presidente da Agência Espacial Portuguesa, a inauguração da licenciatura de Aeroespacial na região Norte é, ao mesmo tempo, sinal e consequência do “contínuo crescimento do ecossistema espacial português”. “O aparecimento de novos cursos nesta área responde ao interesse dos alunos por este campo de estudos e pelas saídas profissionais possíveis. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento da indústria nacional e europeia justifica a aposta na oferta educativa, porque é preciso assegurar que temos massa crítica para responder de forma sustentada às necessidades que vão surgindo”, aponta Ricardo Conde. A opinião é partilhada por Gustavo Dias, que refere existir “um défice europeu de recursos humanos no setor”.

A nova licenciatura arranca oficialmente esta sexta-feira, 7 de outubro, a partir das 15h00, com uma aula inaugural que juntará, entre outros, a Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, o Reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, e o presidente da Agência Espacial Portuguesa.

No Auditório Nobre do Campus de Azurém, em Guimarães, sede da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, estarão ainda presentes Pedro Arezes, Gustavo Dias e Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal de Guimarães.

Às intervenções previstas seguir-se-á a palestra “O Espaço e nós: pensar e construir o futuro”, por Manuel Heitor, investigador do IN+ (Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento) do Instituto Superior Técnico.

Para Gustavo Dias, diretor do curso, esta inauguração é “um momento especial”. A sessão de abertura é apenas o primeiro passo oficial que materializa “um período relativamente longo de planeamento e estruturação da licenciatura e mestrado em Engenharia Aaeroespacial”.

Educar para o futuro

Mas o que distingue este dos restantes cursos de Engenharia Aeroespacial já existentes em Portugal? Tanto a licenciatura como o mestrado “foram desenvolvidos com o objectivo de balancear a formação em tópicos de cariz mais convencional com outros que apontam para o futuro do setor”, introduz Gustavo Dias. “Neste sentido, foram trabalhadas parcerias com instituições académicas internacionais de referência como o ITA (Instituto Tecnológico Aeronáutico, Brasil) e a UMASS (University of Massachusetts, Lowell) e também mais perto de nós a Universidade de Vigo e a sua Escola de Engenharia Aeroespacial. Na colaboração com as entidades académicas estão previstas as coorientações de trabalhos académicos a lecionação de disciplinas e o desenvolvimento de trabalho de investigação conjunto”, acrescenta.

Existe ainda “uma parceria forte com o CEiiA e também a colaboração com o programa MIT-Portugal”. “Queremos que os alunos tenham uma   integração rápida no ecossistema aeroespacial nacional e internacional e as parcerias são um vetor fundamental para esse objetivo”, sustenta o diretor dos ciclos de estudo em Engenharia Aeroespacial da UMinho.

Além disso, o mestrado será “integralmente lecionado em língua inglesa, permitindo um intercâmbio expectável com outras instituições, docentes e alunos um pouco por todo o mundo”, adiantou Pedro Arezes.

“A licenciatura e o mestrado têm contextos diferentes. O plano da licenciatura foca-se numa formação sólida em ciências de base e ciências de engenharia, na tradição das formações em engenharia da UMinho, combinada com um espectro de ciências da especialidade. Os alunos frequentarão disciplinas de projecto, a partir do segundo semestre do curso, lecionadas a partir do modelo PBL [Project-Based Learning]. Estas disciplinas permitirão a realização de projetos integradores associados às restantes unidades curriculares”, explica Gustavo Dias.

Sobre o mestrado, o diretor do curso adianta que o plano de estudos “tem como objetivo proporcionar uma formação avançada e abrangente ligada às áreas de engenharia aeroespacial, onde se incluem os setores mais tradicionais de desenvolvimento, conceção e fabrico de produtos e sistemas aeroespaciais, e os mais recentes ligados ao setor aeroespacial”. No segundo ciclo de estudos, as áreas de especialização do mestrado são, para já, Engenharia de Sistemas Aeroespaciais, Processos de Fabrico e Estruturas Aeroespaciais, Projecto de Engenharia Aeroespacial e Sistemas Espaciais.