Ministra da Ciência atribui Medalha de Mérito Científico a Fernando Carvalho Rodrigues

O “pai” do primeiro satélite português foi distinguido por Elvira Fortunato durante o evento comemorativo do aniversário do lançamento do primeiro satélite português: 30 Anos do PoSAT-1: O Passado e o Futuro de Portugal no Espaço, promovido pela Agência Espacial Portuguesa.

Trinta anos após o lançamento do PoSAT-1, o primeiro (e até agora único) satélite português a ser lançado para o espaço, Fernando Carvalho Rodrigues recebeu a Medalha de Mérito Científico. O chefe do consórcio PoSAT-1 recebeu, esta segunda-feira, a distinção atribuída pela ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato. O momento aconteceu durante o evento 30 Anos do PoSAT-1: O Passado e o Futuro de Portugal no Espaço, promovido pela Agência Espacial Portuguesa no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.

Elvira Fortunato destacou o papel de Carvalho Rodrigues “pela visão que teve há 30 anos” na chefia do consórcio que levou o primeiro satélite português ao Espaço. A ministra relembrou a importância do PoSAT-1 que marcou o início “da presença de Portugal no Espaço”, considerando-o “o precursor de três décadas de várias iniciativas neste domínio” que abriu caminho para “as opções de que o país necessitava para a sua construção de modernidade”.

O satélite, lançado às 2h45 (hora de Lisboa), de 25 de setembro de 1993, a bordo do foguetão Ariane 4 no seu voo 59, a partir do centro espacial europeu, em Kourou, Guiana Francesa, foi “pensado, desenvolvido, construído e lançado graças a um consórcio de universidades e empresas de Portugal”, como o INETI, a EFACEC, a MARCONI, a OGMA, a UBI e o CEDINTEC, entre outras, havendo ainda cooperação internacional, apontou ainda Elvira Fortunato.

Vários representantes dessas empresas e instituições, bem como membros dos vários ramos das Forças Armadas Portuguesas, estiveram presentes no evento da Agência Espacial Portuguesa, que quis olhar para o passado, celebrando-o, mas também para o futuro.

A manhã abriu com a estreia do documentário “30 Anos do PoSAT-1”, da Agência Espacial Portuguesa, já disponível no Youtube. O documentário aborda aspetos técnicos, políticos, financeiros e logísticos da história do PoSAT-1, sempre à boleia dos testemunhos de Carvalho Rodrigues, Mira Amaral (à época ministro da Indústria e Energia), José Rebordão (diretor técnico do PoSAT-1 e, na altura, representante do INETI), Deodato Cardoso (ex-engenheiro da OGMA) e do presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde.

Após a visualização do documentário, estes e outros membros da equipa PoSAT-1 foram chamados a palco para uma conversa de partilha de memórias e curiosidades. Para Ricardo Conde, “a celebração dos 30 anos do lançamento do PoSAT-1 não poderia passar despercebida”. “Comemorar este dia, homenageando a equipa que tornou o lançamento do primeiro satélite português possível, é de elevada importância para a Agência Espacial Portuguesa. Esta equipa inspirou o setor espacial português e hoje, 30 anos depois, o nosso país tem um futuro promissor”, frisou.

 

 

Os satélites que se seguem

Se não existirem sobressaltos no calendário, o PoSAT-1 pode, em breve, ser acompanhado de outros três satélites portugueses. Estes três projetos, bem como outros em desenvolvimento, foram abordados durante o painel “O Futuro de Portugal no Espaço”, que decorreu na segunda parte da conferência, numa conversa moderada moderada por Joan Alabart, gestor de relações industriais da Agência Espacial Portuguesa.

Em fase final de preparação, quase a terminar os testes de vibração – que simulam os impactos do lançamento no foguetão –, está o AEROS. O satélite, que resulta do trabalho de um consórcio liderado pela Thales Edisoft Portugal, tem viagem marcada para fevereiro de 2024, a bordo do Falcon 9, da SpaceX.

Já no final de 2024 poderão ser lançados o ISTSat-1, desenvolvido pelo Instituto Superior Técnico no âmbito do programa da ESA Flight your Satellite, financiado por Portugal, e o uPGRADE, desenvolvido pela Spinworks.  O ISTSat-1 está pronto para lançamento, mas só seguirá a bordo do (muito aguardado) voo de estreia do Ariane 6.

No grupo de pequenos satélites estão também a Constelação Magal (Efacec) e Newsat (Stratosphere). Já entre as iniciativas concebidas num quadro mais comercial e industrial foram apresentadas as Constelações VDES (Lusospace), SAR (idD), e a Ótica VHR/HR (GEOSAT). Esta última é a única empresa nacional, e uma das poucas mundiais, com dois satélites de muito alta resolução já em operação.

“Estamos a trabalhar para que Portugal tenha uma constelação com cerca de 30 satélites, até 2026, que nos permitam aceder a dados com a frequência e a resolução necessárias para gerirmos e monitorizarmos o território” explicou o presidente da Agência Espacial Portuguesa, salientando a importância das imagens de satélite para a mitigação de situações de catástrofe ou a vigilância da zona económica exclusiva.

Autor
Portugal Space
Data
27 de Setembro, 2023