Portugal reforça presença no espaço com lançamento de novos satélites

A Lusospace faz hoje história com lançamento do primeiro satélite comercial português e a Universidade do Minho lança segundo cubesat nacional.

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O primeiro satélite comercial português vai ser lançado esta terça-feira, 14 de janeiro, para o espaço a bordo do Falcon9, da SpaceX. O PoSat-2, batizado em homenagem ao PoSat-1, lançado em 1993, vai acompanhado pelo PROMETHEUS-1, desenvolvido por estudantes da Universidade do Minho. Em conjunto com o início da operação da operacionalização da Constelação do Atlântico Portugal vê reforçado o seu papel enquanto ator relevante na nova economia do espaço, integrando capacidades de construção, operação e comercialização de satélites e serviços espaciais.

O PoSAT-2 será o pioneiro da constelação ATON, que prevê colocar 12 satélites em órbita até 2026 para prestar serviços de comunicações marítimas. O projeto teve início com o apoio da Agência Espacial Portuguesa através do programa InCubed+, promovido pela Agência Espacial Europeia (ESA), que assegurou o financiamento do primeiro estudo de viabilidade. Os trabalhos prosseguiram posteriormente integrados da Agenda New Space Portugal, financiamento pelo PRR.

De acordo com a LusoSpace, este projeto inclui a introdução da tecnologia VDES (VHF Data Exchange System) numa constelação de satélites, permitindo comunicações bidirecionais entre terra e navios, envio de alertas mais rápidos e mensagens criptografadas, algo inédito até agora. Os benefícios da constelação ATON levaram à colaboração com a Marinha para complementar o sistema de comunicações navais. Depois do PoSat-2, os restantes satélites serão colocados em órbita em dois momentos: no último trimestre de 2025 e no início de 2026.

O lançamento do satélite da LusoSpace é possível com a atribuição de licenças ao abrigo do novo quadro jurídico nacional, que segue as melhores práticas internacionais, assegurando agilidade, flexibilidade e rigor em matéria de sustentabilidade e segurança, além de proteger os interesses estratégicos do Estado português. O mesmo acontece com o PROMETHEUS-1 que também seguirá a bordo do Falcon 9.

O PROMETHEUS-1, por sua vez, é um nanosatélite do tamanho de um cubo de Rubik, com apenas cinco centímetros de largura e altura e menos de 250 gramas. Desenvolvido por estudantes de engenharia aeroespacial da Universidade do Minho, o satélite ficará em órbita a 500 quilómetros e está equipado com sistemas de gestão de bateria, orientação, microcontroladores e uma câmara. Este projeto, enquadrado no Programa CMU Portugal e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, contou com a parceria da Universidade de Carnegie Mellon (EUA) e do Instituto Superior Técnico. Além de servir como caso de estudo para disciplinas da licenciatura e mestrado em Engenharia Aeroespacial, lançados há três anos, o PROMETHEUS-1 contribuirá para validações tecnológicas em órbita.

“Este momento representa um marco importante no percurso espacial de Portugal, adicionando novas capacidades não só ao nível da construção de novos satélites, mas também de novos serviços operacionais, abordando toda a cadeia de valor, desde a produção à operação e comercialização, afirmando assim o país como um ator relevante na nova economia do espaço”, refere se Ricardo Conde, Presidente da Agência Espacial Portuguesa.  “O lançamento do primeiro satélite comercial português, aliado à continuação do desenvolvimento tecnológico pela nossa academia, como o PROMETHEUS, demonstra o dinamismo do ecossistema espacial nacional e a aplicação prática do nosso talento, que em poucos anos demonstra que consegue edificar capacidades neste setor”, afirma, focando ainda a importância do início da operacionalização da constelação do Atlântico, também como outro marco importante com amplitude internacional.

O lançamento do Falcon9 assinala ainda o início da operacionalização da Constelação Atlântica, que arranca com o lançamento do GEOSAT3. Este satélite, desenvolvido pela espanhola SATLANTIS e que será integrado na operação da GEOSAT, está equipado com sensores multiespectrais visíveis e infravermelhos, permitindo aplicações como deteção de incêndios e monitorização de emissões de metano. Em Outubro, na assinatura do acordo entre a GEOSAT/CeiiA e a SATLANTIS, Francisco Vilhena da Cunha, CEO da GEOSAT, afirmou que o GEOSAT-3 acelera o desenvolvimento da Constelação Atlântica, abrindo caminho para novas capacidades no mercado, preparando o lançamento de satélites óticos avançados para responder às necessidades de resolução temporal e espacial.

Por fimrefiram-se ainda os dois satélites da FOSSA System, da startup espanhola que assinala esta terça-feira a abertura de um centro de investigação e desenvolvimento em Portugal. A FOSSA Systems vai colocar em órbita três satélites da classe 3U, para validar tecnologias e oferecer conectividade IoT global baseada em LoRa (Long Range), uma tecnologia de comunicação sem fio de longo alcance e baixa potência.

A equipa da FOSSA em Portugal é composta por seis engenheiros especializados, e foi responsável pelo desenvolvimento de software para o segmento terrestre e ferramentas de gestão IoT, contribuindo para o crescimento da empresa. Com planos de duplicar a equipa até 2025, o centro de Oeiras desempenha um papel estratégico no desenvolvimento de soluções espaciais e conectividade global, reforçando a posição de Portugal na economia espacial.

Autor
Portugal Space
Data
14 de Janeiro, 2025