Agência Espacial Portuguesa reforça setor com apoios de 40 milhões a projetos de dupla utilização 

Desde 2019, a Agência Espacial Portuguesa tem vindo a apoiar a capacitação do setor espacial no domínio do duplo uso – civil e segurança e defesa – apoiando cerca de 70 projetos.  

Nos últimos seis anos, a Agência Espacial Portuguesa apoiou cerca de 70 projetos espaciais com potencial de duplo uso, num investimento total na ordem dos 40 milhões de euros. Estas iniciativas, além de responderem a necessidades espaciais comerciais e civis nas áreas das comunicações, navegação, transporte e segurança espacial, representam também a capacitação tecnológica nacional na área da Segurança e Defesa.  

A conclusão resulta de um levantamento realizado pela Agência Espacial Portuguesa que abrangeu todos os projetos apoiados desde 2019 nas áreas de Transporte Espacial, Telecomunicações (SatCom), Navegação, Observação da Terra, Segurança Espacial (SSA) e Tecnologias para Sistemas Espaciais, que embora desenvolvidos para uso civil e comercial, apresentam potencial de aplicação nas áreas de segurança e defesa.  

“Estes projetos, apoiados pela Agência Espacial Portuguesa, refletem o compromisso de Portugal com o desenvolvimento de capacidades tecnológicas avançadas — desde sistemas e instrumentos a materiais — com aplicações transversais e potencial de utilização nos domínios da Segurança e Defesa”, afirma Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa. 

Cerca de 25% dos projetos incluídos nesta análise, correspondendo a um apoio de 14 milhões de euros, apresentam um alto potencial de dupla utilização. Incluem-se nesta categoria sistemas autónomos de monitorização e controlo, essenciais para operações críticas de navegação e posicionamento, infraestruturas de comunicações óticas e sistemas de comunicações seguras para aplicações governamentais.    

    • Smart Launcher – Sistemas Autónomos de Monitorização e Controlo para Veículos Espaciais: Desenvolvido pela Deimos Engenharia, este projeto foca-se no desenvolvimento de sistemas autónomos de monitorização e controlo para lançadores espaciais, uma tecnologia com aplicações diretas na segurança e na defesa. 
    • MONINT – Solução de monitorização da integridade e qualidade do sinal para constelações de navegação por satélite (GNSS): Com liderança da GMV e do Instituto de Telecomunicações, esta solução visa monitorizar a qualidade dos sinais GNSS para garantir maior integridade, sendo essencial para operações críticas de navegação e posicionamento.  
    • Plataformas de Grande Altitude: A Agência tem vindo a apoiar diversos projetos para desenvolvimento de plataformas de alta altitude, úteis para comunicações seguras, monitorização do território e reconhecimento estratégico. 
    • Estação terrestre ótica: Este projeto estabelece uma infraestrutura de comunicações óticas, garantindo maior segurança e encriptação na transmissão de dados, com aplicações em tecnologias quânticas. 
    • ATON – Rede de Observação Atlântica: Liderado por um consórcio composto pelo Lusospace, Instituto Hidrográfico, GMV e Air Centre, este projeto visa estudar o desenvolvimento de uma infraestrutura espacial com payloads AIS/VDES para monitorização marítima.  Depois de um estudo de viabilidade apoiado pelo programa InCubed, a constelação está agora a ser implementada com financiamento do PRR na Agenda New Space Portugal.  
    • PHOAMPhotonic assisted multibeam phased array antenna: Desenvolvido por um consórcio liderado pela Sinuta, em parceria com o Instituto de Telecomunicações e a PicAdvanced, este projeto tem como objetivo desenvolver uma antena plana de múltiplo feixe capaz de permitir estabelecer ligações com múltiplos satélites LEO. Este será um produto direcionado a mega constelações, como a futura constelação europeia IRIS2. 
    • TACS – Esta atividade liderada pela N10gled tem como objetivo desenvolver uma estação terrestre agnóstica de distribuição de chaves quânticas (QKD), compatível com diversos protocolos QKD. Este produto permitirá distribuir chaves ultra-seguras para garantir comunicações para aplicações críticas.  
    • TECH2CONNECT: Liderado pela Connected, este projeto tem como objetivo desenvolver um serviço de conectividade Internet of Things (IoT) por satélite capaz de fornecer conectividade de forma global, sem necessitar de configurações proprietárias complexas, usando hosted payloads em vez de recorrer a satélites próprios.  

“Ao longo dos últimos cinco anos, a Agência Espacial Portuguesa apoiou projetos que representam um investimento médio de 6,5 milhões de euros por ano. Este valor reflete não apenas a consolidação das capacidades nacionais no setor espacial, mas também a crescente percepção do espaço como um domínio estratégico essencial para a inovação, a segurança e a soberania tecnológica”, conclui Ricardo Conde. 

A lista completa de atividades, detalhando os domínios tecnológicos e entidades envolvidas, está disponível para consulta aqui. 

 

 

Autor
Portugal Space
Data
23 de Março, 2025