Domínios de Ação

Ciência e Exploração

 

As actividades espaciais dependem de uma forte componente de inovação, contribuindo para a vanguarda do desenvolvimento científico e tecnológico.

 

© ESA

As ciências espaciais e a exploração espacial são difíceis de separar, uma vez que partilham uma relação simbiótica onde umas puxam pela outra no sentido da evolução e desenvolvimento, conduzindo a novas descobertas sobre o nosso planeta, o universo que nos rodeia e sobre como aumentar a nossa qualidade de vida.

A necessidade de descobrir e compreender o ambiente que nos rodeia é inerente à natureza humana. Desde o início dos tempos, a Humanidade olha para o céu para encontrar respostas a perguntas fundamentais: de onde vimos e para onde vamos. Hoje ainda não é diferente: o espaço é uma grande incógnita a pedir para ser desvendada.

A Ciência e Exploração Espacial inspiram as gerações mais jovens a seguir os campos relacionados com a STE(A)M (da sigla inglesa de ciências, matemáticas, engenharias, artes e tecnologia), contribuindo para motivar os futuros membros activos da sociedade para empregos altamente qualificados. Isto inclui futuros cientistas, engenheiros, físicos, advogados, arquitectos, e outros, que ajudarão a construir capital humano e enriquecendo a sociedade a longo prazo. Através do domínio da Ciência Espacial, Portugal deseja reforçar a colaboração no seio da comunidade científica portuguesa, desta com parceiros internacionais e com a indústria, contribuindo para a compreensão do universo, nas Ciências da Terra e na Exploração Espacial.

Em novembro de 2019, durante a última ministerial da ESA, Space19+, Portugal contribuiu com €47.4 milhões de euros para as chamadas Atividades Obrigatórias, o que inclui Atividades Básicas e Programa Científico. Portugal também subscreveu €3 milhões de euros do programa PRODEX, com o objetivo de promover e apoiar a participação portuguesa em missões científicas da ESA, tais como PLATO (Planetary Transits and Oscillation of Stars) e ARIEL (Atmospheric Remote-sensing Infrared Exoplanet Large-survey).

Na cimeira Space19+, Portugal contribuiu ainda com 1,5 milhões de euros para o Programa Europeu de Exploração, visando fomentar a participação da indústria  portuguesa no desenvolvimento de equipamentos técnicos e, sobretudo, incentivar a investigação e o desenvolvimento de produtos em microgravidade para os setores não espaciais.

De facto, a investigação e desenvolvimento de produtos farmacêuticos ou de processos de fabrico especializados em microgravidade estão entre as atividades de exploração científica espacial com impacto imediato na qualidade de vida na terra. Entre os domínios com maior interesse no desenvolvimento de atividades de comercialização em microgravidade já em andamento estão a a biologia molecular, biologia gravitacional, física de fluidos, fisiologia humana e física fundamental, entre outros.

Com isto em mente, durante o Space19+, Portugal subscreveu €1 milhão para o Programa Space Rider, com o intuito de fomentar a exploração do avião espacial orbital promovendo a I&D de produtos em condições de microgravidade.

A exploração espacial depende em grande medida da robótica e da autonomia. Os Rovers usados nas missões de exploração deixaram de estar dependentes do envio constante de instruções a partir da Terra e são capazes de navegação avançada, localização e navegação em ambientes adversos, confiando também cada vez mais na Inteligência Artificial para desempenhar as tarefas que lhe foram destinadas.

O reforço das atividades de prospeção e exploração do Espaço em orbitas baixas e para lá disso levanta questões ligadas à sustentabilidade e chama a atenção para a gestão de recursos no Espaço, nomeadamente a reciclagem, fabrico e utilização de recursos in-situ. E estes prometem ser alguns dos próximos desafios tecnológicos no Espaço, contribuindo para a abertura de novos mercados. 

Objetivos nacionais para a Ciência e Exploração

Com capacidades limitadas para liderar grandes missões de exploração, Portugal deve aproveitar as oportunidades para reforçar as competências adquiridas, que deverão ser complementadas com:

  • Reforço da “mineração” científica das actividades de exploração;
  • Estímulo às actividades comerciais construídas com base em sinergias entre sectores espaciais e não espaciais, tais como os sectores marítimo/de profundidade ou o sector das minas em Terra;
  • Sensibilização dos utilizadores finais para as oportunidades comerciais contribuindo para simplificar a sua entrada no ecossistema espacial;
  • Investir na utilização de recursos in-situ e em oportunidades de fabrico no espaço. 

A investigação em ciência e exploração espacial (bem como outras disciplinas relacionadas com o espaço) é suportada pelo Espaço Portugal e pode ser realizada através de bolsas de doutoramento. A Agência Espacial Portuguesa, Portugal Space está a preparar um concurso para bolsas de doutoramento financiadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a que os estudantes se poderão candidatar para desenvolver os seus projectos de investigação relacionados com o Espaço, incluindo Ciência Espacial, Exploração Sustentável e utilização de recursos in-situ. 

A SciSpacE (Ciência em Ambiente Espacial) e a ExPeRT (Exploração, Preparação, Investigação e Tecnologia) são linhas programáticas transversais ao Programa Envelope da ESA (E3P2) com interesse para Portugal, uma vez que irão permitir realizar investigação científica em ambientes espaciais simulados e reais (por exemplo, investigação em microgravidade), bem como a preparação e desenvolvimento de novas tecnologias para missões futuras. Estas atividades são essenciais para as quatro campanhas de missões fundamentais da E3P2: Humanos na Orbitas Baixas, Humanos além das Orbitas Baixas, Exploração Robótica Lunar e Exploração Robótica de Marte.