Olá, AEROS MH-1: veja as primeiras imagens captadas pelo satélite português

O segundo satélite português no espaço captou imagens de vários locais do planeta, mas este é apenas um sinal de vida do AEROS MH-1. Ao longo dos próximos anos, são esperadas muitas mais imagens que contribuirão para o estudo dos oceanos.

Três décadas depois, um satélite português voltou a ser lançado para o Espaço e a captar o nosso planeta. O AEROS MH-1, lançado em março último, enviou as suas primeiras imagens: são da Polinésia Francesa, do Grande Lago do Urso do Canadá e do ocidente australiano.

 

Polinésia Francesa vista pelo AEROS MH-1. © Thales Edisoft/ CEiiA

 

A novidade foi divulgada esta terça-feira pela Thales Edisoft Portugal e pelo CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto), que encabeçam o consórcio responsável pelo desenvolvimento e exploração do satélite. Ainda que nenhum dos locais captados seja banhado pelo Atlântico, as imagens servem como primeiro sinal de vida do satélite. Foram captadas pela sua câmara de baixa resolução, cuja função é a de orientação e posicionamento do AEROS MH-1.

Após o lançamento, o satélite foi colocado em órbita numa órbita polar a cerca de 510 quilómetros de altura, viajando a uma velocidade de aproximadamente 28 mil quilómetros por hora. Nessa altura, o satélite entrou na fase LEOP (Launch and Early Orbit Phase), crucial para a “a estabilização da órbita”, mas também para “testes dos sistemas de comunicação com as estações terrestres e a calibração dos payloads”, ou seja, os seus sensores. A conclusão da primeira parte desta fase incluiu, assim, a recolha destas imagens, para além da “avaliação do estado de funcionamento e integridade do satélite e dos testes iniciais dos sensores a bordo”, explica Pedro Nunes, diretor de comunicação da Thales Edisoft Portugal.

 

O ocidente australiano captado pelo AEROS MH-1. © Thales Edisoft/ CEiiA

 

Ao longo dos próximos anos, os dados do satélite permitirão uma “análise do ecossistema marinho e dos padrões climáticos” dos oceanos, em particular do Atlântico. O AEROS MH-1 está equipado com uma câmara hiperespectral e um software capazes de “analisar a cor do oceano, identificar as frentes oceânicas, medir a clorofila” ou “realizar correções atmosféricas”, por exemplo. A câmara foi desenvolvida pela portuguesa SpinWorks, uma das empresas do consórcio.  “Os detalhes sobre o seu potencial ainda não são conhecidos, uma vez que estas imagens foram captadas pela câmara de baixa resolução. No entanto, podemos esperar uma resolução de cerca de 55 metros por pixel da câmara hiperespectral”, adianta Pedro Nunes.

O satélite tem ainda um recetor de etiquetas de animais marinhos incorporado, que foi fornecido pela dstelecom. A informação recolhida pelo recetor permitirá estudar “a temperatura, humidade, profundidade a intensidade de luz e os movimentos dos animais marinhos através de sensores”, acrescenta o diretor de comunicação da Thales Edisoft Portugal.

A empresa foi responsável pelo desenvolvimento do software, pelas verificações após o lançamento e o primeiro ciclo de operações através do Teleporto de Santa Maria, nos Açores. Já o CEiiA supervisionou a integração do satélite, desde a sua conceção até este ser lançado e estar em operação.

 

O satélite também captou o Grande Lago do Urso, no Canadá. © Thales Edisoft/ CEiiA

 

O AEROS MH-1 foi lançado na noite de 4 de março último a bordo do foguetão Falcon 9, da SpaceX. É o segundo satélite português em órbita, sucedendo ao pioneiro PoSAT-1, lançado em 1993. Os dados do AEROS MH-1 serão recebidos pelas antenas do Teleporto da ilha de Santa Maria, que também têm assegurado todas as comunicações de comando e controlo. O tratamento desses dados é feito em Matosinhos, onde está sediado o CEiiA.

O satélite foi desenvolvido e construído em Portugal, em parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Liderado pela Thales Edisoft Portugal em colaboração com o CEiiA, o projeto AEROS MH-1 envolveu um consórcio de 12 entidades, incluindo as já referidas SpinWorks e dstelecom, mas também a academia, representada pelas Universidades do Minho, do Porto e do Algarve, o Instituto Superior Técnico (IST), o CoLab + Atlântico, o Okeanos e o Air Centre.

Autor
Portugal Space
Data
2 de Julho, 2024