Portugal Space define grandes desafios programáticos
Estratégia nacional para o Espaço tem como principais desafios a construção de uma Constelação Atlântica, uma plataforma digital de Observação da Terra, um ecossistema 5G e um ambiente de inovação espacial nos Açores.
A implementação do plano +Espaço em Portugal e na Europa com a ESA, definida há menos de um ano, no âmbito da participação portuguesa da Cimeira ministerial da Agência Espacial Europeia (ESA), Space19+, e que veio consubstanciar a estratégia espacial portuguesa, Portugal Espaço 2030, já colocou no terreno diversas iniciativas. O workshop “Sistemas Espaciais e Inovação: Portugal e a Europa 2020-2030”, organizado no início de setembro, permitiu fazer o balanço dos projetos em curso com vista à implementação da Estratégia, falar dos grandes desafios que se colocam a Portugal e apresentar algumas das orientações que devem guiar a atuação da Agência Espacial Portuguesa, Portugal Space, e envolver o sector nos próximos anos.
Reforçando a necessidade de garantir uma articulação eficaz dos diferentes quadros de financiamento – ESA, União Europeia nas suas diferentes vertentes, fundos nacionais e Observatório Europeu do Sul – o documento apresentado coloca enfase em quatro grandes objetivos estratégicos:
- Estabelecer, manter e garantir a operação de uma “Constelação Atlântica¹”, em cooperação internacional e sob a coordenação do Atlantic International Research Center – AIR Center, antes de 2025;
- Construir, promover e operar uma plataforma digital a jusante – Planeta Digital – capaz de integrar múltiplas fontes de dados, incluindo o Espaço;
- Desenvolver um ecossistema 5G para o desenvolvimento do Atlântico e das regiões ultraperiféricas de Portugal;
- Estabelecer um ecossistema de inovação espacial, especificamente na ilha de Santa Maria, nos Açores.
O lançamento de uma constelação de microssatélites de observação da Terra – uma Constelação Atlântica¹ -, em cooperação internacional, antes de 2025, integrará projetos já em curso como os satélites Infante (liderado pela empresa espacial portuguesa Tekever), Magal (Efacec) e AEROS (Edisoft), a plataforma de integração de dados de satélites e outras fontes ASTRIIS (Tekever), o veículo suborbital reutilizável Viriato (Omnidea) e o projeto Caravela (Tekever), que pretende desenvolver estruturas para microlançadores (pequenos foguetões).
A plataforma de Observação da Terra “Planeta Digital” pretende agregar múltiplas fontes de dados, nomeadamente dados espaciais, mas também extrair informação através do uso de tecnologias digitais avançadas como a Inteligência Artificial, incluindo o mapeamento de áreas remotas, como o Vale do Côa ou as 200 milhas da plataforma atlântica portuguesa. Pretende-se, assim, promover a nível nacional novos serviços em áreas tradicionalmente não espaciais, como o cadastro urbano e do território, mobilidade, agricultura, pescas, segurança, infraestruturas críticas e biodiversidade. Também a criação de um ecossistema 5G pretende contribuir para o desenvolvimento do Atlântico e das regiões ultraperiféricas.
A atualização da estratégia Portugal Espaço 2030 reforça ainda o objetivo de estabelecer um ecossistema de inovação espacial na ilha de Santa Maria, nos Açores, que entre outros inclui a criação de porto espacial através do Azores International Satellite Launch Program – Azores ISLP.
O documento Estratégia Portugal Espaço 2020-2030: Balanço de Execução e Guia para o Futuro está disponível para consulta no site da Portugal Space.
¹ Disclaimer: A selecção de propostas no âmbito do “Investing in Industrial Innovation – InCubed Call for Portuguese companies – focused on developing end-to-end spaceborne capabilities to provide commercial products and services related to the Atlantic Chapter of the Blue Worlds” será realizada de forma imparcial através do programa Investing in the ESA Industrial Innovation (InCubed). Qualquer referência a empresas portuguesas em relação à criação da Constelação Atlântica de ser considerada no âmbito de projectos nacionais anteriores ou existentes