Portugal Space: o “novo miúdo do bairro”
Apenas outra agência espacial? De modo nenhum; o perfil especial e a forma de trabalhar do Portugal Space colocam Portugal num lugar de destaque no mapa espacial.
Portugal tem tanto para oferecer, desde praias a cultura, história, comida e arquitetura. Mas tem ainda mais. No ano 2000, Portugal tornou-se no 15.º Estado-membro da ESA, a Agência Espacial Europeia. Hoje, Portugal tem a sua própria Agência Espacial, Portugal Space, fundada em 2019, e juntou-se oficialmente aos países exploradores do Espaço. Apenas mais uma agência Espacial? De maneira nenhuma! O perfil muito próprio da Portugal Space e a forma como trabalha coloca Portugal num lugar de destaque no mapa espacial. É óbvio que uma agência recém-criada pode ir beber à experiência de outras já estabelecidas. Neste aspeto, a Portugal Space esteve particularmente atenta às rápidas mudanças no ecossistema espacial, não para copiar, mas sim para criar a sua própria organização de uma forma especial e única.
Desde o primeiro dia da Portugal Space, o Governo português decidiu não ser autónomo no Espaço, mas sim usar a experiência adquirida como Estado-membro da ESA para fomentar as atividades europeias no Espaço e, ao mesmo tempo, desenvolver um perfil espacial nacional baseado em ligações diretas com a indústria portuguesa e com todos os ministérios. Há vários anos que a ESA tem em Portugal um Centro de Incubação, gerido pela Universidade de Coimbra.
A posição de destaque que Portugal tem no Oceano Atlântico, e as condições geográficas únicas dos Açores no meio do Oceano, são motores para que se procurem oportunidades para combinar as tecnologias baseadas no Espaço e as aplicações marítimas. Posicionar a Portugal Space não apenas em Lisboa, mas também nos Açores foi um movimento inteligente.
Ao mesmo tempo que desenvolve competências a nível nacional, a Portugal Space está também a fortalecer o papel de Portugal na ESA. Tanto o contributo financeiro português no conselho Ministerial da ESA, em 2019, como a posição política como copresidente da Agência Espacial Europeia para os próximos três anos, colocam Portugal no leme da ESA. Além disso, Portugal irá ocupar a presidência da União Europeia (UE)em 2021, que será o primeiro ano do novo Quadro Financeiro Plurianual da UE, que também abrange o Programa Espacial Europeu.
Neste momento, estamos ainda a enfrentar a crise que resultou da pandemia da Covid19, com todas as medidas associadas que foram e estão a ser implementadas, nomeadamente a nível da forma como todos nós trabalhamos. Ainda que o vírus possa ser vencido em breve, é já óbvio que um “novo normal” está a emergir. A forma como trabalhamos diariamente vai mudar e espero que todos consigamos adaptar as nossas organizações de acordo com este “novo normal”: invés de estruturas hierarquizadas, baseadas na definição de tarefas de cima para baixo, vejo estruturas sinápticas, onde existem várias ligações entre os diferentes indivíduos e organizações e em que a avaliação da performance individual será baseada nos resultados. E estou certo que a Portugal Space estará entre as primeiras organizações a caminhar neste sentido.
Globalmente, e apesar de não ter uma grande dimensão, é um grande país, dando à Europa um novo impulso ao setor espacial através da criação de novas coligações: a concorrência é o motor, mas a cooperação é um facilitador.