Conselho do Observatório SKA dá luz verde à construção

Os Estados-membro do recém-formado SKAO aprovaram o início da construção dos telescópios que formarão o SKA Observatório.
Empresas portuguesas estarão envolvidas na montagem, verificação, validação e integração de componentes das futuras antenas.

O conselho do Observatório SKA (SKAO), do qual Portugal é membro fundador, aprovou na última sexta-feira o início da construção dos telescópios SKA – designados de SKA-Low e SKA-Mid numa referência à gama de radiofrequência que cada um deles cobre – que irão constituir as maiores e mais complexas redes de radiotelescópios alguma vez construídas.

Este é mais um passo histórico, depois da criação, no início de 2021, do SKAO como organização intergovernamental, da qual Portugal é membro fundador, ao lado da África do Sul, Austrália, China, Itália, Países Baixos e Reino Unido. A construção dos dois telescópios, que se localizarão na África do Sul e Austrália, é o culminar de mais de sete anos de trabalho na conceção e no projeto de engenharia, envolvendo mais de 500 especialistas de 20 países, incluindo Portugal, que desenvolveram e testaram a tecnologia necessária para construir e operar os telescópios de última geração.

“Portugal está envolvido neste projeto há vários anos e esperamos agora ver as empresas portuguesas envolvidas nos vários pacotes de trabalho em particular no desenvolvimento do software, na instalação da rede necessária para o funcionamento das antenas do SKA na África do Sul e no processo de montagem, verificação, validação e integração de componentes”, afirma Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa.

A contribuição portuguesa para o projeto será feita, de acordo com Ricardo Conde, “directamente em dinheiro e em espécie, com as instituições portuguesas que participarem a entregar um pacote de trabalho que já está definido e a alocado a Portugal”

, representando cerca de 1,5% do total de investimento previsto para a instalação dos telescópios. O SKAO estima que o custo de construção dos dois telescópios, início das operações e funções de capacitação empresarial associadas seja de 2 mil milhões de euros durante o período 2021 – 2030.

“Estou em êxtase”, diz Philip Diamond, diretor-geral do SKAO, citado em comunicado da organização. “Este momento está na forja há 30 anos. Hoje a humanidade deu outro passo gigante ao comprometer-se com a construção do que será a maior instalação científica do género no planeta: não apenas uma, mas as duas maiores e mais complexas redes de radiotelescópios, concebidas para desvendar alguns dos segredos mais fascinantes do Universo.”

Além de contribuir para a produção de ciência que promete revolucionar a forma como olhamos para o Universo, a construção dos telescópios SKA irá trazer benefícios sociais e económicos para os países que estão envolvidos no projeto por via de uma política de retorno do investimento (mais informações sobre os benefícios para os estados-membros podem ser encontradas na Proposta de Construção). Através desta política do Observatório SKA, as contribuições dos países membro são devolvidas na forma de contratos industriais atribuídos às empresas de cada um estados-membro, havendo o potencial de cada país obter um retorno de 70% do seu investimento.

“Portugal está envolvido neste projeto há vários anos e espera agora ver as empresas portuguesas envolvidas nos vários pacotes de trabalho em particular no desenvolvimento do software, na instalação da rede necessária para o funcionamento das antenas do SKA na África do Sul e no processo de montagem, verificação, validação e integração de componentes”, afirma Ricardo Conde. Paralelamente, “as empresas portuguesas poderão posicionar-se para o fornecimento de subsistemas durante a fase de construção”.

Este é um projeto essencialmente de ciência, com uma enorme inovação tecnológica e tem como objetivo produzir conhecimento na área da radioastronomia, a capacitação de astrónomos e engenheiros em problemas relacionados com Big Data e computação de alta performance, conhecimento do Universo através da exploração científica dos dados provenientes do SKA, a divulgação científica aos jovens e público em geral. Aliás, o envolvimento das empresas e da comunidade científica, através do ENGAGE SKA Portugal, já garantiu o desenvolvimento de competências científicas e técnicas que serão agora fundamentais para o envolvimento industrial na construção e para o envolvimento científico na fase de operação do observatório, quando este começar a gerar dados.

 

 

 

 

Autor
Portugal Space
Data
29 de Junho, 2021