Presidente da Agência Espacial Portuguesa recebe Medalha de Mérito Científico
A Ministra da Ciência distinguiu Ricardo Conde com a Medalha de Mérito Científico no dia do 5.º aniversário da Agência Espacial Portuguesa. Organização apresentou ainda o Conselho de Orientação e Estratégia, órgão consultivo que dará o seu contributo para a definição das linhas de atuação da Agência, assim como a sua ação.
O presidente da Agência Espacial Portuguesa recebeu esta segunda-feira, 18 de março, a Medalha de Mérito Científico das mãos da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Elvira Fortunato quis assim distinguir o trabalho de Ricardo Conde, e da organização que lidera, na promoção do Espaço como uma ferramenta fundamental ao serviço da economia e da sociedade, que contribui para o avanço do conhecimento e da exploração espacial.
Para a ministra da Ciência, “a Agência tem vindo a reforçar as bases de uma cultura científica, alicerçada num conjunto significativo de atividades educativas e na promoção da capacitação industrial, contribuindo para um Portugal mais tecnológico, mais inovador e mais sustentável, integrado nas políticas e nos grandes programas espaciais europeus”.
A distinção de Ricardo Conde aconteceu no decurso da cerimónia do 5.º aniversário da Agência Espacial Portuguesa, que foi ainda palco para a apresentação do Conselho de Orientação e Estratégia (COE) da organização. Este é um órgão consultivo que terá como função aconselhar a Agência na definição das suas linhas atuação, assim como a sua ação, emitindo pareces ou recomendações ao seu plano de atividades.
Ministra enalteceu trabalho realizado pela Agência Espacial Portuguesa. © Ricardo Lopes/ Agência Espacial Portuguesa
O novo órgão, cujos membros foram aprovados na última Assembleia Geral da Agência por um mandato de cinco anos, é composto por Teresa Lago, astrónoma e antiga delegada portuguesa do Observatório Europeu do Sul (ESO), Peter Martinez, diretor executivo da Secure World Foundation, o major-general Filipe Arnaut Moreira, especialista em geopolítica e segurança, Filipe Duarte Santos, professor universitário com vasto currículo na área do ambiente e alterações climáticas, Ana Santos Pinto, diretora executiva do Instituto Português de Relações Internacionais, Rita Sá Machado, diretora-geral da Saúde, e Simonetta de Pipo, professora universitária na área espacial e ex-diretora do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA).
“Desde a primeira hora que a Agência defende que o Espaço está presente em todas as vertentes do nosso dia-a-dia. A escolha dos membros do COE vai ao encontro dessa multidisciplinaridade”, contextualiza Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa. “O Conselho agrega vários saberes e várias perspetivas, desde as mais diretamente ligadas ao Espaço, como a sua sustentabilidade do espaço exterior, e a astronomia, até à geopolítica, defesa, segurança e mesmo a saúde. É um organismo diversificado e que tem em atenção a inclusão de personalidades nacionais e internacionais”, acrescenta.
Diretora-Geral da Saúde é um dos membros do Conselho de Orientação e Estratégia. © Ricardo Lopes/ Agência Espacial Portuguesa
A cerimónia de aniversário da Agência Espacial Portuguesa aconteceu esta segunda-feira à noite, em Lisboa, e reuniu mais de uma centena de protagonistas do setor espacial nacional e internacional, incluindo o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, o chefe de Estado Maior do Exército, Mendes Ferrão, o secretário de Estado da Justiça, Pedro Tavares, e o Secretário Regional dos Açores, Paulo Estevão. Marcaram ainda presença o diretor-geral da EUSPA, o português Rodrigo da Costa, bem como Giorgio Saccoccia, representante do diretor-geral da ESA, e Hermann Ludwig Moeller, presidente do think thank europeu ESPI.
Cinco anos de “franco crescimento do setor”
Em retrospetiva, Ricardo Conde, nomeado presidente da Agência Espacial Portuguesa em Setembro de 2020, após a saída da ítalo-alemã Chiara Manfletti, diz que a organização tem cumprido, desde o início, a missão que lhe foi atribuída: “O setor espacial português antecede em mais de duas décadas a criação da Agência, mas é inequívoco que existe um antes e um depois de 18 de março de 2019. Há cinco anos que trabalhamos diariamente na capacitação da indústria e da academia nacional, que estão cada vez mais presentes em missões e projetos internacionais, mas também numa aposta clara nas novas gerações, criando desafios através de competições universitárias únicas ao nível europeu, impulsionando, desta forma, os nossos jovens”.
As estatísticas confirmam a capacitação e crescimento do setor espacial em Portugal que, desde o lançamento da Estratégia Portugal Espaço 2030, em 2018, e da criação da Agência, ganhou 34 novas empresas e quatro novos centros de investigação. “Existe um impacto económico muito significativo que se traduz não só em rentabilidade financeira, mas também na atração de investimento direto estrangeiro e criação de postos de trabalho”, afirma Ricardo Conde.
Teresa Lago foi reconhecida durante a cerimónia. © Ricardo Lopes/ Agência Espacial Portuguesa
Significativa é igualmente a capacidade de atração de Investimento Direto Estrangeiro, reflexo de um trabalho cada vez mais próximo da Agência Espacial Portuguesa com a AICEP. Das 34 novas empresas criadas desde 2019, onze são subsidiárias de empresas internacionais e destas cinco foram registadas em 2023. “É interessante notar que destas apenas duas se estabeleceram em Lisboa, tendo as restantes sido criadas em Faro, Coimbra e São Miguel, nos Açores”, salienta o presidente da Agência Espacial Portuguesa.
Com o reforço da capacitação da indústria e da academia nacional, 2024 será “um ano de confirmação da estratégia lançada em 2018”, prevendo-se o arranque da construção das infraestruturas de apoio ao ponto de retorno e acesso ao espaço em Santa Maria e o lançamento do GeoHUB nacional. “Estamos a falar de duas áreas absolutamente cruciais para o desenvolvimento do setor espacial não apenas nacional, mas europeu”, aponta Ricardo Conde. “Por um lado, a Europa precisa de assegurar a sua independência no acesso ao espaço, e novas valências para o retorno de missões. Por outro, temos de garantir que Portugal está na linha da frente de uma política de dados aberta em que todos podem beneficiar dos dados de observação da Terra para a gestão do território e abordar o combate às alterações climáticas e preservação dos oceanos”, justifica.
“Além disso, criamos em Portugal uma nova forma levar o espaço a um público bastante vasto”, continua. Exemplo disso é a criação das competições European Rocketry Challenge (EuRoC), em 2020, e Astronauta por um Dia, em 2022. Mais recentemente, já em março de 2024, foi lançado o CubeSat Portugal, um novo desafio para os estudantes do Ensino Superior português, cujas inscrições abrem a 7 de junho.
Ricardo Conde enfatiza o trabalho levado a cabo por “uma equipa extremamente profissional e com grande espírito de missão” que, desde 2019, “tem dado marcado a agenda e o ritmo das atividades espaciais no nosso país, alcançando um elevado reconhecimento internacional”. “Agora, temos novos desafios, lançados há muito tempo, que começam a tomar forma e que marcarão a agenda dos próximos anos. Há muito trabalho a fazer, mas é bom ver que o ecossistema está cheio de vida”, conclui.