Universidade do Porto entra na corrida ao Espaço com nova licenciatura em Engenharia Aeroespacial
A oferta formativa do setor espacial no Ensino Superior aumenta pelo terceiro ano consecutivo. Depois de Aveiro e do Minho, é a vez da Universidade do Porto lançar nova licenciatura em Engenharia Aeroespacial. O curso arranca já este ano letivo, com 30 vagas disponíveis.
A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) já teve luz verde da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), organismo responsável pela avaliação dos cursos ministrados em Portugal, para avançar com a Licenciatura em Engenharia Aeroespacial. A abertura do novo curso foi anunciada pela FEUP, que esclarece que no Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior 2024/2025 estarão disponíveis 30 vagas. As candidaturas abrem dia 22 de julho.
Nos últimos anos, o curso de Engenharia Aeroespacial tem ocupado as posições cimeiras das listas de cursos com médias mais elevadas. Em 2023, ano inaugural do curso de Engenharia Aeroespacial na Universidade do Minho as vagas foram todas preenchidas logo na primeira fase, tendo o último colocado ingressado com uma média de 18,86 valores. O ranking acabaria, no entanto, por ser revisto na segunda fase com o último colocado em Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico a ingressar com 19,2 valores. Na universidade de Aveiro a média foi de 18,84 valores.
Se o cenário se repetir este ano, a FEUP pode estar a preparar-se para ter, na sua oferta formativa, três dos cursos com média mais elevada, juntando a Engenharia Aeroespacial à Engenharia e Gestão Industrial e à Bioengenharia.
Em notícia publicada no site da FEUP, a instituição assume querer “mais e melhores estudantes nacionais e internacionais”, oferecendo aos futuros alunos “uma visão holística da área com base nos principais desafios tecnológicos em que estamos inseridos, permitindo-lhes contribuir para o projeto preliminar, fabrico e ensaio de sistemas aeroespaciais”.
Albertino Arteiro, diretor da licenciatura em Engenharia Aeroespacial da FEUP, explica a criação do novo curso com a crescente atratividade do setor, mas também com a existência de políticas públicas, como seja a Estratégia Portugal Espaço 2030, que “comprovam a necessidade de uma oferta formativa sólida e de altíssima qualidade”. No caso da Faculdade de Engenharia, esta oferta “está alicerçada em 20 anos de investigação ao mais alto nível com as principais empresas do setor aeroespacial, como a Airbus ou a Embraer”, acrescenta.
Para o presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, o reforço da capacidade formativa na área de Engenharia Aeroespacial “é fundamental para garantir que Portugal terá mão de obra qualificada para sustentar o desenvolvimento do ecossistema espacial nacional”. “A Agência Espacial Portuguesa tem vindo a promover várias iniciativas para públicos cada vez mais novos, procurando atraí-los para um futuro ligado ao Espaço e o aumento da oferta nesta área educativa, que resulta do aumento da procura por estas licenciaturas, confirma que estamos no caminho certo”. Ricardo Conde refere-se a iniciativas como o Astronauta por Um Dia, que já vai na terceira edição, o European Rocketry Challenge – EuRoC, que regressa a Ponte de Sor e ao Campo Militar de Santa Margarida em Outubro, e mais recentemente à competição Cubesat Portugal, cujas inscrições estão a decorrer.
Além disso, sublinha o presidente da Agência Espacial Portuguesa, “nunca é demais lembrar que o setor espacial não se faz apenas de engenheiros, nomeadamente engenheiros com especialização em aeroespacial. Para crescer de forma sustentada e global, precisamos de profissionais altamente qualificados nas mais variadas áreas: biologia, medicina, geologia, direito, comunicação ou gestão, por exemplo. Da mesma forma que precisamos de novas empresas e novos projetos que fomentem a inovação e que fixem os jovens no mercado nacional”.
Durante vários anos, o Instituto Superior Técnico, que leciona Engenharia Aeroespacial desde 1991, foi a única instituição de Ensino Superior com formação nesta área. Portugal passa assim a ter quatro cursos dedicados à Engenharia Aeroespacial – que totalizam perto de 250 vagas a nível nacional –, aos quais se somam ainda as licenciaturas em Engenharia Aeronáutica ministrados da Universidade da Beira Interior e Atlântica – Instituto Universitário.