Portugal com maior presença de sempre no IAC

Nove empresas portuguesas marcaram presença na edição de 2022 do Congresso Internacional de Astronáutica (IAC), uma das maiores montras mundial do setor espacial.

A bandeira do setor espacial português voou bem alto na edição deste ano do Congresso Internacional de Astronáutica (IAC). Portugal teve a maior representação de sempre na 73.ª edição de um dos maiores eventos mundiais dedicados ao espaço. A Agência Espacial Portuguesa liderou a delegação portuguesa que, este ano, foi composta pela GEOSAT, TEKEVER, LusoSpace, AIR Centre e Omnidea e a unidade responsável pela promoção do ecossistema espacial do Açores (EMA Espaço). Além destas, também estiveram presentes na exposição a Neuraspace, a start-up portuguesa a trabalhar no segmento do tráfego espacial, a Deimos e a D-Orbit. 

“É um reflexo da franca expansão e consolidação do ecossistema espacial português”, referiu Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, acrescentando ser “fundamental” que as empresas portuguesas “apostem cada vez mais na presença em eventos como o IAC”. Este é o ponto de encontro por excelência dos principais atores globais ligados ao Espaço. Os números falam por si: este ano, o congresso contou com mais de 9.000 participantes vindos de todo o mundo. Ali, discutem-se todos os segmentos de negócio e temas espaciais, sendo um lugar onde oportunidades de networking, contactos e parcerias institucionais e comerciais florescem, para além de haver espaço para a divulgação de trabalho científico e académico.  

Tendo isso em conta, e em jeito de balanço no pós-evento, Ricardo Conde acredita que a Agência Espacial Portuguesa saiu com um “saldo bastante positivo” do IAC, “reforçando ainda mais o seu nome no panorama internacional”. Duas comunicações produzidas por membros da Agência Espacial Portuguesa foram apresentadas no certame.  

O artigo Fostering a thriving Space Ecosystem in Portugal (Promovendo um Ecossistema Espacial Próspero em Portugal), versa sobre a janela de oportunidades que as mudanças no panorama espacial europeu podem trazer para Portugal, cujo ecossistema tem vindo a evoluir consistentemente desde os últimos 20 anos. “Para isso contribuem quatro elementos-chave: as iniciativas ambiciosas, os utilizadores a jusante, o enquadramento legal e a colaboração internacional”, resume Manuel Willhelm, gestor de projetos de Transporte e Exploração Espacial na Agência Espacial Portuguesa e um dos autores do estudo. “É um documento muito importante sobre esta evolução e que será uma ferramenta na tomada de decisões futuras”, acrescenta Joan Alabart, gestor de Relações Industriais e Projetos da Agência, um dos coautores do artigo.  

O outro artigo científico apresentado no IAC foi dedicado a Unconventional Tools for Space Education in the Portuguese Ecosystem (Ferramentas Não Convencionais para a Educação Espacial no Ecossistema Espacial Português) e centrou-se nas apostas da Agência Espacial Portuguesa para estimular a curiosidade dos mais jovens pelo Espaço. “Neste artigo mostramos como evolui o interesse pelas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática em Portugal, que acaba por acompanhar o desenvolvimento e criação de ferramentas educativas não limitadas às salas de aula”, introduz Marta Gonçalves. “Iniciativas como o concurso Zero-G Portugal – Astronauta por um Dia e o EUROC – European Rocketry Challenge, organizado pela agência portuguesa desde 2020, são exemplos disso. Com este artigo científico, queremos dar um primeiro passo para compreender o impacto destas apostas a longo prazo tanto nos participantes como no ecossistema espacial português”, completa.  

Nesse sentido, e reforçando a sua aposta na educação, a Agência Espacial Portuguesareuniu um conjunto de atores internacionais para discutir a educação espacial e divulgação no IAC. Com o painel “Future of Space Outreach – International Rocketry Competition”, procurou-se estimular a discussão e o interesse em torno da educação espacial, um dos pilares estratégicos da Portugal Space 2030, a estratégia portuguesa para o Espaço. Por conseguinte, o debate centrou-se em concursos de rocketry, envolvendo outros organismos como a as agências espaciais australiana e sul africana, a organização da Spaceport America Cup e a própria Agência Espacial Portuguesa. 

 

Dois artigos científicos de membros da Agência Espacial Portuguesa foram apresentados no IAC.

 

Portugal e Ucrânia estreitam relações no setor espacial  

O IAC também foi palco para importantes reuniões e momentos de interação internacional. No espaço de cinco dias, o stand da Agência Espacial Portuguesa no congresso foi palco de mais de 20 reuniões, que revelaram oportunidades de negócio e cooperação. Foi o caso do encontro entre as delegações portuguesa e australiana, esta última representada pela Comissão Australiana de Comércio e Investimento (AUSTRADE), Aimuth Advisory, Capricorn Space, DUG, Neumann Space, Nova Systems Australia and New Zealand, RAYTRACER e Saaber Austronautics.  

Outro momento marcante da participação portuguesa no IAC foi a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) entre as agências espaciais de Portugal e da Ucrânia, representada pelo presidente Volodymyr Taftay. De acordo com Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, o MoU agora assinado é uma forma de estreitar “a cooperação entre os setores espaciais dos dois países, aproximando as empresas” e de “lançar iniciativas para a cooperação técnica e científica em várias áreas deste setor”. “ 

“A Ucrânia é um grande ator europeu, particularmente no desenvolvimento de componentes e sistemas de propulsão para lançadores, sendo esta uma área que a Europa terá de reforçar nos próximos anos. Tem havido uma cooperação entre a Ucrânia e a Europa ao longo dos últimos anos e hoje esta cooperação tem de ser amplificada no sentido de se continuar a apoiar e a desenvolver a sua indústria, que está cada vez mais integrada no espaço europeu”, apontou Ricardo Conde.  

“O Programa Espacial Europeu estava dependente da Rússia. Havia uma boa cooperação entre países e as parcerias eram bem-intencionadas, mas as atuais circunstâncias impuseram um corte nessas relações e obrigaram-nos a perceber como podemos fazer isto no âmbito da comunidade europeia”, sustenta ainda. 

O memorando assinado com a Agência Espacial Ucrânia visa o desenvolvimento de atividades de cooperação nas áreas das ciências espaciais básicas, Observação da Terra, controlo e análise da situação espacial, sistemas de transporte espacial, educação, e apoio à cooperação entre entidades privadas dos dois países, entre muitos outros aspetos.   

Autor
Portugal Space
Data
29 de Setembro, 2022